terça-feira, 22 de setembro de 2009

Daí que fiz o tal exame para verificar o estado das minhas trompas. É horrível não poder agir mais como criança e fechar as pernas, gritar, chorar e ir pro colo da mãe.
O exame é muito desgastante. Dói, incomoda e te deixa constrangida, afinal não é nada agradável ter um homem enfiando uns negócios em você com a cara no meio de suas pernas.

Quando fui buscar o resultado(no mesmo dia), vi que tinha algo errado. Fui imediatamente ao meu médico e, ainda bem, ele pôde me atender. Em linhas gerais, descobri que minha trompa esquerda já foi pro beleléo. That’s over. Acabou. Agora me resta a trompa direita (que graças a Deus está 100%). Vou fazer uma bateria de exames para ver qual o tratamento mais adequado. Ainda bem que Namorado estava me acompanhando porque o médico explicou tudo o que está acontecendo e passou um espermograma pra ele fazer.
É isso. Tensa, preocupada mas tentando me acalmar. Não tenho nenhum pressentimento. Nem que vai dar certo, nem que não. Apenas estou agindo racionalmente.
Tem que tratar? Então vamos.
Só não queria refazer uma cirurgia que fiz há dois anos. Fiquei gorda,inchada. Só que no meu caso não tem querer. Não posso pensar em nada, nem fazer exigências.
A vida é isso. Enfrentar.

Em meio a esse turbilhão, nem tudo é tristeza. Quinta-feira fizemos três anos de namoro. Quando chego da academia, encontro em cima da cama um pacote, uma flor e um bilhete escrito “te amo nessa e em todas as vidas que ainda terei”.
Dentro da caixa, um vestido lindo, escolhido pelo meu amor, sozinho. Acho fofa a idéia dele ter entrado em um loja feminina e pedido ajuda às vendedoras para comprar um vestido pra mim. Ele é super tímido e isso é uma grande demonstração de carinho.
O dia terminou com um jantar maravilhoso no meu restaurante japonês preferido.
É isso. Tentando me ater ao lado bom da vida.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Feriadão como eu previ. Nada de diferente. Até queria ter saído mais, mas estava com cólica. Mais um mês sem engravidar, mais um mês de dores insuportáveis. Hoje mesmo já acordei sentindo minhas pernas, braços, até o couro cabeludo incomodar. É horrível endometriose.
Porque envolve também preconceito. Se você não consegue levantar da cama e alega que é cólica, as pessoas pensam que é frescura.
"Não é possível, você é muito mole."
Só quem convive (graças a Deus minha família me compreende) ou tem algum conhecimento sobre a doença é que respeita e encara nossa condição como de doença. Aliás, até os médicos só começaram a compreender de uns anos pra cá. Várias vezes fui pra ginecologista suspeitando de endometriose e ela dizia que não era nada daquilo. Bastava usar anticoncepcional que resolveria o problema. Ningúem merece.
Esse mês vou ter que fazer um exame chato pra ver se minhas trompas estão boas. É um exame chato porque vou ter que tomar anetesia. Além disso fica a pressão, o medo de encontrarem algum problema. Meu médico até já levantou a possibilidade de fazer inseminação artificial.
Já tô até vendo...Isso é minha cara!
Parecer rica sem ser...rs.
No mais é isso. Semana que vem faço três anos de namoro. Nossa, quanto tempo. Claro que já namorei muitos anos (meu recorde foi cinco anos) mas esse relacionamento é diferente de tudo que já vivi. É incrível mas nos beijamos, trocamos carinho, nos respeitamos e somos bem humorados um com o outro como se tivéssemos meses de namoro. Inclusive muitas pessoas já vieram nos parabenizar por nosso jeito de viver
Acho até que muito disso tudo é mérito de Namorado. Ele é a pessoa mais doce que conheço, o melhor coração que já conheci.
Claro que temos problemas; claro que brigamos. Só que esses momentos são tão ínfimos que não dá nem pra levar em conta.
Realmente sou uma mulher de sorte....

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Final de semana chegando, feriado. Pra mim vai ser mais do mesmo. Nada de viajar. Não dá. Quando penso em gastar dinheiro em outra coisa que não seja o apartamento me bate uma angústia. Até tínhamos convite para ir para uma fazenda do marido da minha cunhada mas pelo amor de Deus,eu odeio mato!!!
Iria ficar agoniada, impaciente. Prefiro minha casinha, pegar um cinema, ler um livro...aqui, na civilização.
Acho que também vou ficar pintando. Ando cheia de ideias e quero colocar em prática.
Além do mais, em outubro é aniversário de minha mãe e vamos viajar com ela. Essa viagem vai gerar um gasto substancial mas vale muito a pena.
Então é isso. Curtir o feriado abraçada, rindo muito com Namorado e pintando.
Pensando bem, meu feriado vai ser muito bom...rs.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Porque só quem sentiu a dor de uma tragédia sabe o quanto dói. Porque aquela famosa frase “imagino a dor que você está sentindo” só se aplica a quem sentiu essa dor. Só.
Não me venha dizer que qualquer pessoa tem a dimensão da perda. Não tem.
Eu me achava uma pessoa normal . Achava que sabia o que significava a dor que a vida poderia trazer. Que nada...
Só depois que meu padrasto morreu vítima de um assalto é que entendi. Entendi que segurar a onda de uma tragédia não é pra qualquer um não.
Muitas pessoas se afastaram. Pessoas que eu nunca imaginei que fossem fazer isso comigo. Um dia, lendo uma entrevista de uma pesquisadora super conceituada (acho que antropóloga) nas páginas amarelas da Veja, um fato me chamou a atenção. Grosso modo, ela disse que a maioria das pessoas se afasta da quem perdeu alguém por tragédias. Porque não sabem lidar, porque não querem encarar o sofrimento.
E eu lembrei da minha amiga/irmã que me disse que eu estava na merda, que não agüentava ficar perto de mim daquele jeito e que ficar feliz perto de mim era constrangedor. Só tinha dois meses que ele tinha morrido. Como superar uma morte de quem a gente ama em apenas dois meses? Se é que um dia alguém supera...
Acho que eu vou precisar de dez vidas pra ter algum sentimento por essa pessoa além de mágoa.
Enfim...
Tudo isso só pra dizer que as tragédias me atingem. Reconheço o olhar perdido de quem acaba de perder alguém. O medo do amanhã. O desespero de não saber que caminho seguir. A fragilidade na sua essência.
Uma colega do meu curso de arte tem uma sobrinha. Ela tem 37 anos e há muito tenta engravidar. Fez inseminação e na primeira vez conseguiu. Trigêmios.
Logo no começo perdeu um bebê. Seguiu adiante. Com quatro meses, o útero começou a abrir (não sei se é esse o termo) e ela teve que ficar de cama. Teve que ficar em repouso absoluto. Não podia levantar nem para ir ao banheiro, nem pra tomar banho.
Ontem, minha colega não foi para o curso. Mandou o recado que a sobrinha perdeu os bebês e está na UTI. Tem 40% de chances de sobreviver. Como assim?
Isso me dói. Isso traz à tona as feridas que estão dentro de mim. Imagino o marido (que só faz chorar), a família, os amigos.
Talvez por minha vontade de ser mãe; talvez por tudo que já vivi. Essa história não sai da minha cabeça......