terça-feira, 20 de novembro de 2007

Minha maior qualidade é, com certeza, meu maior defeito: o orgulho. Ser orgulhosa já me tirou de várias enrascadas.
Já terminei uma relação de dois anos sorrindo, com um cara que eu amava enlouquecidamente, e nunca o procurei. Passei, literalmente, um ano chorando TODOS OS DIAS pela criatura, mas nunca dei um telefonema. Emagreci 8 Kg em dez dias, passei do manequim 42 para o 38 (tudo tem o lado bom... hehehe) mas nunca disse pra ele o quanto estava sofrendo. As pessoas que presenciavam meu sofrimento me questionavam porque eu não o procurava e eu sempre dizia “Não vai adiantar. Eu só vou me expor, constrange-lo e daqui uns anos morrer de vergonha por ter tentado”. O tempo me mostrou que eu estava certa. Descobri que ele me traía com a “melhor amiga” dele. Hoje estão casados, e, até onde sei, vivendo uma vida morna.
Há dois anos perdi meu pai de uma forma trágica. Ele foi assassinado vítima de um assalto (pra roubar um celular). Perdi chão, referência, entrei em depressão. Minha família é muito pequena e, nessa hora, só restou eu e minha mãe. A fortaleza, meu exemplo de mulher, pediu arrêgo e eu de filha passei a ser mãe. Não desejo isso pro meu pior inimigo (e olhe que eu tenho inimigo!!!).
Eu tinha duas amigas. Irmãs. Fazia de tudo por elas e achava que a recíproca era verdadeira. Na hora da notícia da morte foi pra elas que liguei. Achava que a força delas me faria levantar. Não aconteceu. Elas meio que sumiram. Ligavam pra saber como estava mas nunca me convidavam pra sair, não iam na minha casa, não me incluía em nada. Mas ligavam todos os dias, mas pra constar. Ele morreu no final de ano. Imaginou como foi meu Natal? Triplique... Eu e minha mãe sozinhas dentro de casa, nada de ceia, árvore, presente. No ano anterior,elas estavam conosco.
No reveillon, uma delas estava “tristinha” porque o casinho viajou pro Chile e a outra me ligou “pra eu dar uma força”, ela não podia porque tinha conhecido “o príncipe encantado” e ia viajar com ele. Força? Por isso?E eu?
Gritei tanto no telefone que tive um ataque histérico. Disse um monte!!!!
Logo depois do barraco elas foram na minha casa. Tentei ser a mais racional possível e expliquei que as amava e precisava de colo. Entre outras coisas ouvi “eu to muito feliz, e sua tristeza me constrange”; “eu sei que vc ta na merda, mas o que eu posso fazer?”.
A amizade acabou. Nunca liguei pra nenhuma delas. Se eu chorei pelo meu ex durante um ano, por elas choro há dois.
Essa semana a “do príncipe encantado” me liga pra entregar o convite do chá-de-panela. Não vou. Comprei o presente mais caro da lista e vou mandar entregar. Pensei em dizer a verdade. Em falar que sofri muito, que nossa relação ainda tem questões mal resolvidas, que não me sentiria bem....
Mas meu melhor amigo o orgulho me faz dizer uma coisa que já disse há um tempo atrás: Não vai adiantar. Eu só vou me expor, constrange-la e daqui uns anos morrer de vergonha por ter tentado

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