segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Eu tenho uma sobrinha de sete anos (os outros dois , mais velhos, são homens). Minha irmã, desde o primeiro mês de casamento, queria engravidar. O sonho era ter uma menina. O primeiro foi homem. Tudo bem, fica pra próxima. Veio o segundo. Homem. Não dá, esquece.
Três anos depois, sentiu uma forte dor de estômago. Moleza, indisposição. Ela achava que estava seriamente doente.
Eu disse: Você não fica doente, você fica grávida.
Nove meses depois a princesa dela nasceu. Ela sonhava com uma menina desde pequena; pra beija-la, pra ser "sua princesinha".
Minha sobrinha não é nada como ela pensava.
Na verdade ela é tudo que eu quero ser quando crescer. Julia é a pessoa mais segura que eu conheço. Se acha bonita, não acredita que exista ninguém mais bonita que ela.
É suuuuuuuuper independente. Desde que aprendeu a andar, ela solta a mão de quem estiver, onde estiver e vai desvendar o mundo; quer andar sozinha no shopping, no supermercado, ou seja lá onde for.
Semana passada, eu fui com ela em uma livraria. Enquanto eu procurava um livro, ela saiu de perto, foi pra o setor de livros infantis e ficou lá, lendo. Inclusive, ajudou uma mãe a escolher um livro pra o filho.
Ah, e tem outra coisa. De princesa ela não tem nada. Apesar de adorar rosa, ser super vaidosa, ter uma queda absurda por sapatos, ela ODEIA carinho. Ela diz que eu sou chata porque adoro ficar beijando. Ela não beija o pai, a mãe os irmãos. Acha um saco esse "negócio de carinho".
Eu fico espantada com a geração que vem por aí. Um reflexo total dos valores que estão sendo disseminados. De ser independente, segura, um tanto individualista, etc, etc, etc.
Minha irmã sonhou com uma coisa totalmente diferente. Mas hoje reconhece que filho a gente dá pra o mundo, que nós somos meio e não fim.
Quer saber? Se eu tivesse nascido assim, com certeza teria tido menos dores. Daria valor às minhas qualidades, aos meus defeitos (e esse é o grande segredo).
Ai, ai...
Cansada, final-de-semana chato, mas tudo indo.

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