terça-feira, 29 de janeiro de 2008




Faz algum tempo, eu deixei de prestar atenção nos “sinais” que a vida dá. Tenho tentado fechar os olhos pra os recados que recebo do mundo. Só que nessa viagem pra Itacaré ficou impossível continuar com essa postura...
Viajamos com mais dois casais. Um dos caras é amigo de infância de namorado, Pedro. São mais irmãos do que qualquer outra coisa. O outro casal, a menina é amiga da namorada de Pedro. O nome dela é Lorena. Pois bem.
Lorena é viciada em fotografia. Consegue tirar fotos de arbustos, formigas, comida, céu. O resultado da viagem foi mais de mil fotos. Isso mesmo. Mais de mil fotos em sete dias.
Poses das mais variadas, sorrisos abertos, abraços e muita felicidade. Só que essa felicidade é só para sair bem na foto. Lorena tem síndrome do pânico. Passou a viagem toda dizendo que ia morrer. Chorou invariavelmente todos os dias. Alternávamos entre o alívio dela melhorar e a preocupação com o estado dela piorar.
Eu não sorrio muito. Sou desconfiada. Não gosto de fotos (mas nessa viagem tive que aprender a superar minha timidez). Não finjo aquilo que não sou. Não vivo a vida pra tirar fotos.
Fizemos uma trilha de mais de uma hora. Ela tirou mais de cem fotos. Comecei a caminhada só olhando pra baixo, medo de cair. No meio do percurso entendi a lição: aquilo era minha vida. Eu não estava admirando a paisagem, estava só com medo de cair. E se eu caísse? Problema nenhum. Eu levantaria e continuaria a andar.
Depois de entender isso, minha caminhada foi bem melhor. Tropecei algumas vezes, mas não cai. Quando o obstáculo era muito difícil, namorado voltava, me pegava pela mão, com toda paciência e amor, e me ajudava.
É isso que eu quero: tropeçar, passar apuros mas ter a mão de namorado sempre me ajudando ...
No final da trilha, eu é que peguei a máquina e tirei a foto. Que o percurso da minha vida sempre encontre lugares como esse...


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